Barco de Papel, Mar de Tinta

Desespero, que sinaliza sua vinda, como uma tempestade que se forma no mar, impassível e implacável, encharcando meu corpo, abduzindo minha alma. Levando consigo qualquer ponta de esperança, felicidade ou algum outro bom sentimento.

Desespero, que me lança em sua correnteza alienante, que me induz ao abismo sem volta – fim do mundo, precipício sem fundo, lar dos monstros entoados em canções dos marinheiros de outrora.

E eu, navegando em águas negras, atado a um barquinho de papel, me descubro encurralado, enquanto o mar suga tudo que há de bom em mim, restando apenas o vazio; restando apenas uma lágrima solitária que escorre pelo rosto e morre no queixo; restando apenas um grito seco e apático que se perde em alto mar.

E eu, tragado por águas profundas, percebo que não restou nada além de inspiração. Ou talvez, não restou nada. E em letras borradas, o mar grafa minha lápide:



“Do cômico ao trágico,
Da trama ao drama,
Dos risos às sequelas,
Da vida à vida.”



É, o mar pode ser cruel...




Le' Ferdinand

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