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Um homem e um rato caminhavam por um beco escuro de uma cidade qualquer. Vindos de direções opostas, os dois encontram-se no meio do caminho. O homem percebe que o rato tentava tirar a rolha que vedava uma velha garrafa de vidro. Provavelmente ele havia farejado algo de comer dentro dali – pensou. Atacado por um inexplicável sentimento de ajuda para com o infeliz companheiro, o homem retira a rolha da garrafa.
Não havia comida. Invés disso, um misterioso vapor púrpura começa a sair da garrafa. Ele serpenteia pelo ar, expandindo-se, ganhando forma e consistência.
- Eu sou um gênio – proferiu uma misteriosa voz – Como os dois me libertaram, concederei um desejo a cada um, desde que me peçam a mesma coisa.
Assustado com a fumaça que tomava a forma de um homem, o rapaz nada falou. O astuto rato, porém, tomou a frente e disse:
- Quero ser um homem!
Vendo ali uma oportunidade para dar um fim aos problemas que lhe afligem, o homem fala:
- Então quero ser um rato!
- Peçam a mesma coisa. – repetiu o gênio.
- Eu quero ser ele! – os dois gritaram.
Um intenso brilho tomou conta do beco. Quando a luz cedeu à escuridão, só restara ali o homem e o rato. Um no corpo do outro.
- Pobre rato – pensou o homem – come lixo e mora no esgoto. Vive num mundo grande demais para o seu pequeno tamanho.
- Pobre homem – pensou o rato – constrói armas e mata seus semelhantes. Vive num mundo grande demais para o seu pequeno pensamento.
Contentes com sua atual situação, os dois seguiram caminho.
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Thiago Ramos
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