Raciocínio Corriqueiro

Ele só a via no ônibus. Mas aquele breve momento era suficiente para fazer seu coração bater mais forte. Tentava controlar o olhar, porém, ele insistia em ir de encontro a ela. Não era alguém de parar o trânsito, nem alguém de tentar parar o trânsito. Sua beleza era simples, assim como a maneira de se portar. Sempre passava por ele segurando um caderno rosa junto ao corpo, procurando um local para se sentar. Ela nunca o olhara, nunca sentara ao seu lado. O sádico destino que jamais compadeceu de sua infeliz situação, resolveu agir diferente naquele dia. Ela entrou no ônibus, correu os olhos e viu que o único local vazio era ao lado dele. Nunca haviam estado tão perto.

Suas mãos suavam e seu corpo enrijecia. Seus olhos mantinham-se fixos no teto do ônibus. Não piscava, não falava e mal respirava. Tentava transparecer normalidade. Tentativa frustrada, diga-se de passagem. Fechou os olhos um breve instante, suspirando. Tentou adivinhar no que ela estava pensando. O que ele não daria para saber o que passava por sua cabeça naquele instante.



- No fim das contas, talvez ela nunca repare em mim... – era o conformismo após a momentânea euforia.

E se, por um breve instante, seu desejo fosse atendido? E se, por um breve instante, conseguisse ler os pensamentos dela? E se, por um breve instante, os pensamentos dela personificassem palavras?

- No fim das contas, talvez ele nunca repare em mim...

No fim das contas, talvez o destino não seja sádico. Talvez ele seja apenas irônico...

Thiago Ramos

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