Se for de aplaudir

Pés, para onde vamos? Descrente ou de mente sã? Um instante para refletir? Isso não me atrai mais. Outrora, porém, dançava alegremente e ignorava os gritos e risos que me tarjavam de louco vindo daqueles que não ouviam a música. E se antes eu via genialidade na loucura, hoje vejo loucura na genialidade. E se for falar de moralidade, vou sorrir desse ethos que me faz prosear sentimentos versados em cordéis de pensamentos. Porém, não vou abandoná-lo, não vou me entregar ao asco que me cerca. Chega dessa burocracia juvenil operária que escamoteia minha vontade. De Nietzsche a Jhonen Vasquez, um riso solto, vago, sem propósito ou essência. Sem mais inspiração na luz ou na escuridão. Não me atrai mais, nem mesmo a chuva de novembro. Não ando pela luz, esta ofusca minha visão. Não tateio na escuridão, ainda preciso ver para onde vou. Aliás, pés, para onde vamos? Tão claro como alguém sem planos. E se no final, se for de aplaudir, nem precisa se levantar. As cortinas apenas abaixam e fim! “Nem um dia a mais se vai. Nem hora mais se dá. Sem que eu pense que todo erro é um pertence. Olha não, melhor lembrar que há”.

Jeckyll
O trecho aspeado pertence à música "Se for de Aplaudir - Suéteres"

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