Certa vez, em mais uma de suas andanças, um velho sábio viu-se diante de uma bifurcação na estrada. Parou, fincando seu cajado de madeira na areia fofa, coçou sua longa barba branca e pôs-se a refletir, ponderando qual seria a melhor rota a se seguir.
- Se eu for por este lado, o que estarei perdendo por não ir pelo outro? – questionava, deslizando os dedos do queixo até o final da barba. Imerso em questionamentos, o velho não percebeu a aproximação nada sutil do andarilho que seguia estrada. Era um bardo de longo chapéu que cantava e dançava ao som do instrumento de corda que trazia em mãos.
Sua música cedeu quando emparelhou com o homem. Observou os dois caminhos e voltou-se na direção do velho:
- Que se passa? – interrogou, curioso.
- Receio ter de escolher um dos caminhos, pois posso estar perdendo algo do outro lado... – respondeu.
- Façamos assim, eu vou por um lado e tu vais pelo outro. Quando nos encontrarmos, te conto o que vi... – sorriu. O velho pareceu contente com a solução, tanto que apressou-se em tomar um dos caminhos.
Logo à frente a estrada voltou a unir-se e os dois se encontraram mais uma vez.
- E então, bardo, o que tu encontraste pelo caminho?
- Nada! – respondeu prontamente.
- Nada?! – o velho parecia zangado com a resposta do viajante – Como não encontrou nada?!
- Não encontrando, oras...
- E não quer saber o que vi? – parecia ansioso em quebrar as expectativas do bardo.
- Não... – disse, seguindo o caminho – Estou mais preocupado com o que encontrarei pela frente do que com o que deixei para trás...
Indignado, o velho deu as costas e voltou pelo outro caminho, enquanto o bardo seguiu em frente, incomodado com as palavras que o vento levou.
Tudo é negociação... – murmurou, voltando a dar nota ao passo.
Lé' Ferdinand
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