Espiral

Lá estava ele, sentado à beira de sua memória. Costume era, agora, tal maneira de passar suas tardes. Pois, estando envolto em si próprio, dispunha ele de maior desprendimento da lambida seca da realidade.
- “Estás perdido!” – exclamaram as bordas da carência individualista, tal era sua força de dependência – “Sai de si e torna a nós, tolo!”
Mas aconchegar-se neste turbilhão era mais que fuga – era uma busca, uma viagem de não menos que uma eternidade em segundos. E este foi seu traçado nos caminhos do seu eu atormentado – atormentado e encolhido em si.
Retorna, então, para a parte a que lhe cabia respirar, caminhar, sorrir (não muito, mas sorrir). E, com os olhos ardentes em êxtase, voltou um novo ele. Assim tem sido, sempre acrescido de autoconhecimento.
Pôs-se de pé, respirou fundo, e caminhou, sorrindo para si mesmo...



Rogério N.

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