O caminho do conhecimento




A esfera oval cintilava no céu negro, com seu brilho ledo, acompanhada das estrelas na firmação desnuda, tremeluzindo sua claridade mansa, tangendo o breu que escoltava o véu da noite. Entre lentas passadas e tropeços vivos, perambulava pela rua morta aquela figura de feições singulares: as longas e embaraçadas madeixas projetavam-se sobre o rosto pálido, encobrindo as enormes e espantadas esferas oculares contornadas, em tom de insônia, por enormes olheiras negras. A boca apresentava-se como um simples traço desenhado desinteressadamente.

Alguém mais sentiu aquele aroma? Uma fragrância desconhecido pairava no ar, carregada pela neblina turva que serpeava por entre as vielas, conduzindo seus passos desorientados por aquela aquarela desbotada, o retrato mais primitivo do vazio. Seria este um louco a vaguear sozinho pelo deserto da solidão? De fato, não havia mais ninguém. Em nenhum lugar, não havia mais ninguém. Por que estava ali? Talvez fosse desejo do vento que, vez ou outra, sibilava palavras desconexas em seu ouvido, indicando direções avulsas. Muito embora aquela calmaria outrora fosse uma companheira desejada, o tempo do comodismo já havia se esvaído. As dúvidas nascem como frutos de uma árvore que cresce. Abraçá-las é parte do processo, mesmo quando estas decidem sapatear em nossa cabeça.

Então, acompanhado pelo tímido sorriso que brotara em sua face, ele pôs-se a desbravar a estrada neblinada do conhecimento...


Shinji

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